ARPIAC - Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos de Agualva-Cacém

sábado, 2 de julho de 2011

À CONVERSA COM...



 UM ALUNO DA  ACADEMIA SÉNIOR DA ARPIAC

  
Ent:
Boa tarde Sr. Manuel.
Será que está disposto a partilhar com os leitores do Painel da Saudade algumas etapas do seu percurso de vida? A ideia é percebermos um pouco melhor o perfil dos alunos da nossa Academia Sénior e cativarmos outros Associados da ARPIAC para virem juntar-se a nós no próximo ano lectivo.
Manuel Belo:
Concerteza, com todo o gosto, embora a minha vida não tenha nada de especial, pois sou um simples cidadão......

Ent:
Quando e onde nasceu?
M.B.:
Nasci em 3 de Março de 1930, em Fervença – Alcobaça, onde vivi até aos 5 anos.

Ent: 
E quanto às suas origens sociais, quer falar-nos um pouco?
M.B.:
Pois eu nasci e cresci no seio de  uma família humilde. Sou o segundo filho de quatro. A minha mãe era operária fabril e meu pai motorista de táxi. Foram tempos difíceis, e para agravar mais a situação, o meu pai abandonou a família, quando eu tinha sete anos de idade. Não fora a força e amor de minha mãe e a caridade de uma instituição religiosa local, teria sido bem pior.Assim, pelo menos,  fome nunca passámos.

Ent:
Pois, nessas circunstâncias, os seus primeiros anos de vida, inclusive o  percurso escolar, hão-de ter  sido difíceis.Quer falar-nos um pouco dessa fase?
M.B.
Conclui a 4ª classe e fui trabalhar para a indústria vidreira e, posteriormente,  na cerâmica. Na primeira, trabalhei na montagem de candeeiros de vidro e na segunda, na pintura de faiança. Ambas as firmas situavam-se em Alcobaça, onde vivi até aos 23 anos.
Nessa altura, após algum tempo de namoro com uma colega de trabalho, casei e viemos viver para Lisboa, a convite de uns parentes da minha mulher que tinham uma salsicharia, onde também trabalhámos, nos primeiros tempos.

Ent:
Então e na capital, como foi essa integração socio-profissional?
M.B.:
Foi relativamente fácil, desde o momento em que consegui trabalho, numa conhecida firma de  azulejos e faiança, a Fábrica de Sant' Anna, na zona da Boa-Hora, em Lisboa.
Comecei à experiência como comercial, na loja que se localizava na Rua do Alecrim e por ali estive durante cerca de 43 anos. Foi uma experiência profissional e pessoal muito enriquecedora. Conheci muita gente interessante e importante, de todo o mundo. Até  o Presidente Henry Kissinger um dia nos fez uma  visita relâmpago.
A dada altura, senti mesmo a necessidade de ir aprender inglês, o que viria a ser um instrumento fundamental para o meu desempenho profissional, dado que os clientes eram de todo o mundo, tal era a reputação dos nossos produtos. Atingi o posto de gerente de loja, com muito trabalho e dedicação.

Ent:
Voltando agora à sua vida familiar, quantos filhos tem ? Que balanço que faz dessa área da sua vida?
M.B.:
Tivémos uma filha, pois foi essa a nossa opção, para lhe podermos dar o melhor, principalmente aquilo que nunca tivémos.
A minha mulher foi uma excelente companheira e ainda hoje  sinto muito a sua falta...
Partiu em 2007, após uma doença degenerativa sistémica que ao longo de dois anos  nos provocou muito sofrimento, principalmente a ela, claro.

Ent:
E quanto à sua vinda para a Academia Sénior da ARPIAC, qual foi a sua motivação para voltar, digamos assim, à escola ?
M.B.:
Sempre fui uma pessoa com curiosidade e gosto em aprender, mas confesso que foi mais pelo convívio e para não deixar morrer os neurónios, que decidi inscrever-me na Academia Sénior da ARPIAC, há dois anos lectivos. Tenho frequentado aulas de inglês e informática.
Sinto-me bem neste ambiente que considero acolhedor e promotor de uma vida mais sã e activa.
Para além das aulas, e do convívio, tenho aproveitado alguns passeios em grupo, idas ao teatro, uma vez que sozinho já não me sinto muito bem a participar neste tipo de actividades socioculturais.

Ent:
Foi uma conversa bem agradável, na qual quase não demos pelo passar do tempo.
O nosso bem-haja Sr. Manuel, por ter aceite o nosso desafio, estreando esta partilha de vida com o Painel da Saudade.

Junho de 2011

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